Pe. Vandemir J. Meister. ISch.

A missão de evangelização é uma missão que corresponde à Igreja e ao Espírito Santo. A evangelização, a partir de Cristo, se amplia num imenso jardim de detalhes, que fazem a Igreja ser constituída de um grande patrimônio espiritual.

Normalmente os movimentos nascem e se projetam na Igreja acentuando elementos da Evangelização. Por exemplo: São Francisco de Assis (1182-1226) acentuou a dimensão da pobreza na Igreja. Essa acentuação não quer dizer que a Igreja nunca se preocupou com os pobres ou que não tinha reflexões neste campo, mas que na pessoa de São Francisco esse tema teve uma vitalidade e trouxe novos elementos de experiência e reflexão para a Igreja.

O Movimento Apostólico de Schoenstatt também vem com uma missão para o Brasil. O Pe. José Kentenich (1885-1968), quando envia as primeiras Irmãs de Maria para o Brasil, em 10 de junho de 1935, diz-lhes: “Levai a Cruz e a Imagem de Maria…” Estava claro o que o Espírito Santo soprava nas palavras do Pe. Kentenich para essas primeiras missionárias em terras brasileiras: Cristo e Maria para esse povo!

Voltamos a nos perguntar: A Igreja no Brasil já não falava de Cristo e de Maria? Sim, falava e sempre falou! Na vinda destas irmãs existe uma missão por detrás. Anunciar Maria, a Mãe de Jesus, como Mãe Rainha Três Vezes Admirável de Schoenstatt. Mais uma pérola para a riqueza mariana da Igreja no Brasil.

O Pe. Kentenich, a partir de suas experiências pastorais, descobre dimensões vitais na relação com Maria, elabora uma pedagogia que contribui para a evangelização de hoje. Por Maria a Cristo! Quanto mais conhecemos a Mãe, mais nos ajuda a conhecer e entender o Filho. Brevemente vamos nos deter em 3 elementos das reflexões kentinichianas, caminhos para enriquecer a evangelização mariana: O anúncio de uma imagem renovada de Maria integral e integrada no mistério de Cristo e da Igreja. O cultivo de um novo vínculo a Maria: uma Aliança de Amor com Ela. Dinamizar na pastoral o poder de Maria como medianeira de todas as graças.

1) O anúncio de uma imagem renovada de Maria integral e integrada no mistério de Cristo e da Igreja.

Fomentar uma reflexão orgânica do papel de Maria na História da Salvação, imune de todo o redutivismo ideológico. Ela é a escolhida por Deus para contribuir de diversas formas na vida de seus filhos e na Igreja.

O Documento de Aparecida no seu número 266 (V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e Caribenho, em 2007) tem uma linda reflexão neste aspecto mencionado acima pelo Pe. Kentenich:

A realização máxima da existência cristã como vida trinitária de “filhos no Filho” é-nos dada na Virgem Maria que, pela sua fé (cf. Lc 1, 45) e pela obediência à vontade de Deus (cf. Lc 1, 38), assim como pela sua constante meditação na Palavra e nas obras de Jesus (cf. Lc 2, 19.51), é a discípula mais perfeita do Senhor. Interlocutora do Pai em seu projeto de enviar sua Palavra ao mundo para a salvação humana, Maria com sua fé se torna a primeira membro da comunidade dos crentes em Cristo, e também se torna colaboradora no renascimento espiritual dos discípulos. Do Evangelho emerge a sua figura de mulher livre e forte, conscientemente orientada para o verdadeiro seguimento de Cristo. Ela viveu toda a peregrinação da fé como mãe de Cristo e depois dos discípulos, sem se poupar da incompreensão e da busca constante do projeto do Pai. Assim, ela pôde permanecer aos pés da cruz em profunda comunhão, para entrar plenamente no mistério da Aliança.

 

2) O cultivo de um novo vínculo a Maria: uma Aliança de Amor com Ela.

Normalmente se fala da Consagração à nossa Senhora; neste mesmo sentido, o Pe. Kentenich propõe um aspecto pedagógico, para que essa consagração não fique inerte, chamando-a de Aliança de Amor. Um processo que envolve as duas partes em um contínuo agir. Uma aliança perdura se ambas as partes contribuem. Sendo assim, esse vínculo à Maria é dinamizado diariamente através dessa ação bilateral: ambos contribuem diariamente. O vínculo não acontece esporadicamente, mas sim, à diária. Somente o amor fará com que o coração diariamente esteja em sintonia com a causa de seu amor. O amor é um regar diário. O mesmo acontece com nossa relação com Nossa Senhora, um regar diário para manter o amor vital. Essa relação filial transfigura o amante com as propriedades do amado. Ela nos educa através desse amor.

A Aliança de Amor, uma riqueza da espiritualidade de Schoenstatt tem-se ampliado na Igreja, através da Família de Schoenstatt, em especial das pastorais através da Campanha da Mãe Peregrina e Terço dos Homens Mãe Rainha.

3) Dinamizar na pastoral o poder de Maria como medianeira de todas as graças.

O convite para dinamizar a pastoral é um convite para todos os tempos. Cada tempo existe uma necessidade. Dinamizar é trazer novas formas que possam transmitir os valores perenes, neste caso os valores perenes de Maria. Ela tem seu cabido por ser a Mãe de Deus Salvador. Nela se confluem as forças do Altíssimo para a realização da História da Salvação. “O homem Novo”. O Altíssimo se faz necessitado da contribuição humana para a consumação de seu plano. Maria, como ser criado, torna-se para nós, por excelência o modelo e caminho pedagógico de nossa fé. Ela como medianeira, tem um lugar preeminente em nossa fé e também na Igreja. A Santíssima Trindade é a fonte geracional da Graça, sem questionamento de dúvida; Maria, media na sua “Onipotência Suplicante”. “Mediador” – não podemos atribuir o conceito, primeiramente que nos vem à cabeça, do mundo comercial: mediador, aquele que pega o produto na fonte e entrega ao consumidor final. Maria não é mediadora comercial. Ela é a “Onipotência Suplicante” junto Àquele que se aproximou Dela, suplicando-a para ser Mãe do Salvador.

Ela foi instrumento de Deus, e Deus sempre se faz necessitado de nossas mãos para seguir anunciando ao mundo o seu Filho, a exemplo de Maria.

Quanto mais entendermos a Maria, mais entenderemos nossa missão.

Se nossos reducionismos marianos são sanados pela graça na fé e na reflexão, superabunda a graça divina nos transformando filhos(as) de Maria e irmãos de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Nestes breves comentários, podemos ver como aquelas primeiras palavras ditas pelo Pe. José Kentenich ao enviar as Irmãs de Maria ao Brasil foi se ampliando com catequese e formas; e com isso, enriquecendo o grande jardim mariológico no Brasil.

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